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domingo, 22 de junho de 2014

APRENDA A PEDIR

Estava lendo a revista da Oprah de junho e me deparei com este artigo da Elizabeth Gilbert, que escreveu o famoso romance Eat, Pray, Love. Resolvi traduzir para vocês. Aqui está:
O primeiro passo para uma vida mais rica, feliz e adorável é simples, diz Elizabeth Gilbert: fale

Numa manhã em 1993, eu entrei nos escritórios de uma famosa revista na cidade de Nova Iorque e pedi um emprego de escritora. Eu não tinha hora marcada, nenhuma experiência e nenhum artigo publicado em meu nome. Mas eu tinha tido uma epifânia: Ninguém jamais irá bater à minha porta dizendo: “Ouvimos dizer que uma escritora talentosa mora aqui e gostaríamos de ajudá-la em sua carreira!” Não. Eu é que tinha que sair batendo nas portas. E foi o que fiz. Eu simplesmente entrava e pedia se queriam me empregar como repórter. E adivinha? Não funcionou! (Claro que não funcionou! Eles não eram tontos, e eu era totalmente não qualificada – como acha que o mundo funciona?) Mas ainda penso no ato como um dos mais importantes momentos em minha vida por que foi o mais corajoso. Quando fui para casa naquele dia, eu ainda estava sem tostão e era obscura, mas pelo menos eu sabia que era corajosa. Eu não precisaria sofrer a dor de saber que nunca tentara.

Há quase 800 anos atrás o poeta místico persa Rumi escreveu: “Você deve pedir o que realmente deseja.” Ele via o ato de pedir como uma obrigação sagrada e acho que ele tinha razão – não por que seus desejos serão atendidos automaticamente (eles não são), mas porque o mero ato de dizer em voz alta “Esta sou eu e eu vim pedir” parece acordar uma poderosa força interna. Ao articular seu desejo, você está anunciando que é séria no intuito de trazer a próxima importante coisa em sua vida.
O problema, entretanto, é que pedir o que você realmente quer – seja um emprego de escritora ou um desconto nos pneus que está comprando – pode ser difícil. Especialmente para as mulheres. Em primeiro lugar você precisa saber o que realmente quer, que pode ser difícil se você foi criada para agradar aos outros. Em segundo, você precisa acreditar que o que você está pedindo vale à pena – de novo, meio complicado para as mulheres bem treinadas na obscura arte de auto-depreciação. E em terceiro, você precisa encarar a possibilidade de ser rejeitada. Esta é a pior parte. As mulheres não gostam de ser rejeitadas (já temos o suficiente disso em nossas vidas pessoais) e então, como advogados de defesa, só fazemos as perguntas das quais sabemos as respostas. E isso significa: nenhum risco. Que de resto significa: nenhum beneficio.
O engraçado é que a rejeição não é tão ruim, na verdade. É algo que eu acho que os homens sempre entenderam – que um fracasso glorioso pode, algumas vezes, ser mais recompensador do que um ganho pobre.
É por isso que os homens estão constantemente pedindo coisas que eles até sabem que não merecem ou para o que não estão qualificados. Não digo isso como um insulto aos homens; desejo é que as mulheres o fizessem mais vezes. Porque às vezes você pode receber um sim e, mesmo não estando completamente prontas para lidar com o sim, você se esforça para estar. Você não estava preparada e de repente você está. É irracional, mas é mágico também.
Não posso instruí-las exatamente em como pedir as coisas – não é minha área de experiência, e há variáveis demais que devem ser levadas em conta. Algumas vezes você tem que ser graciosa e charmosa, e outras vezes terá que ser abrasiva e corajosa. Mas de modo geral, trata-se de uma formula extremamente simples: vá e peça. O fato é que pedir é a melhor força -  na verdade, a única forma – de chegar onde quer.


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