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Quando eu era pequena, morava num loteamento bem fora de São Paulo, não havia muitas casas, a minha foi a terceira. Logo em volta construíram mais algumas casas, entre essas uma onde moravam a Dona Francisca, sua filha Maria Helena Miranda (com sua filha Marli Miranda) e o filho Francisco Miranda.
Todos nós mandávamos furar um poço e a terra era depositada ao redor do mesmo, um monte de terra de cor rosa violeta que não prestava para nada, não nascia sequer mato nessa terra.
Eu via a Dona Francisca tentar fazer uma horta de temperos e ervas. Para tanto ela ia até a mata de eucaliptos que ficava certa de uma quadra da casa dela. Lá ela recolhia as folhas caídas e a terra preta debaixo dessas folhas e levava isso para a hortinha, todos os dias fazia isso e assim ia depositando essa terra misturada às folhas por cima da terra ruim, plantava principalmente hortelã e poejo, fazia chá disso pra Marli todos os dias, pois ela tinha problemas de respiração e se resfriava fácil.
Não entendia por que a terra e folhas eram jogados por cima, uma vez que na agricultura extensiva de tomates que ficava a poucos quilômetros e onde íamos buscar tomates, o arado revolvia a terra e o adubo era jogado e depois revolviam tudo novamente.
Acontece que na natureza, as folhas caem ao solo, os micro-organismos começam a decompor essa matéria orgânica e a transformam em húmus que é o alimento da planta, mas não revolve a terra nem coloca o nutriente no fundo perto das raízes. Na natureza a água infiltra e leva os nutrientes que são apanhados pelas raízes que, por sua vez os levam para onde tem que ir. Ponto.
Hoje sei mais mas lembrei da agricultura orgânica da dona Francisca. Também tenho meus pés de poejo em casa, crescem muito bem, mesmo com terra pobre! Hoje bateu muita saudades da dona Francisca, que Deus a tenha e conserve feliz, ela merece!
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