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terça-feira, 25 de outubro de 2011

MAYA PINES E O QUE VOCÊ COME PODE TER INFLUÊNCIA SOBRE O QUE VOCÊ PENSA

Hoje muitos pesquisadores buscam descobrir a reação do cérebro aos nutrientes. Descobriram que nosso humor, nossa capacidade de reação, nossa memória e até mesmo o quanto sentimos de dor podem ser influenciado pelo que comemos. Essas descobertas podem levar não apenas a métodos mais seguros de interferir em nossos processos mas também a modos de tratar as pessoas mais velhas para melhorar o funcionamento de seus cérebros.
Grande parte da pesquisa enfoca os neuro-transmissores, reações químicas através das quais os neurônios ou células nervosas no cérebro podem se comunicar. Quando você pisca o olho ou tenta se lembrar de algo na sua memória, alguns neurônios em seu cérebro fabricam neurotransmissores que são liberados e estes mandam sinais a outros neurônios.
Existem no mínimo 30 tipos de neurotransmissores e, em primeira instancia, parecia pouco provável que algo tão indeterminado quanto o alimento pudesse influenciar um determinado tipo de neurotransmissor. Além disso, o cérebro fica protegido pela assim chamada barreira sangue-cérebro que impede que uma série de substâncias entrem na corrente sanguínea, entre as quais possíveis substancias químicas danosas, porém também substancias medicamentosas úteis. apenas algumas substancias, entre as quais o álcool, passam facilmente pela barreira.
"Há mais ou menos 10 anos descobriu-se que a capacidade do cérebro de fabricar certos neurotransmissores é dependente de uma certa quantidade de diversos nutrientes no sangue" diz o Dr. Richard J. Wurtman, que trabalha no MIT como neuro-endocrinologista. Logo que o alimento é processado no canal estomago-intestino, esses nutrientes são liberados na corrente sanguínea e circulam através do cérebro, onde alguns conseguem entrar nos neurônios cerebrais e, desta forma, possibilitam a formação de neurotransmissores. "Isso significa, diz o Dr, Wurtman, que o cérebro não fica protegido acima de tudo, mas, ao contrário, é fortemente dependente do que comemos."
Trafego Congestionado - Agora que os pesquisadores estão descobrindo quais os nutrientes que passam pela barreira protetora do cérebro e por que, então eles poderão dizer o que é verdade ou falso em relação à influencia da alimentação. Para exemplificar, eles podem nos dizer o que comer antes de dormir, de modo a sentir sono.
O que nos deixa sonolentos é um neurotransmissor que se chama SEROTONINA. Mas para fabricar a serotonina os neurônios do cérebro precisam de TRIPTOFANO, um dos aminoácidos que constituem as proteínas. No MIT, os doutores Wurtman e John Fernstrom, já nos anos 70 sabiam que, se ratos recebiam triptofano em estado puro, seus cérebros produziam mais serotonina. Os pesquisadores se perguntavam como é que poderiam influenciar os cérebros de seres humanos para que se sentissem sonolentos através de uma maior produção de serotonina. A resposta não é ingerir carne ou tomar leite, pois o triptofano está presente na maioria das proteínas em quantidades muito pequenas e desta forma estaria em posição de competição muito desfavorável pela passagem da barreira de proteção do cérebro.
"Parece com uma situação de congestionamento de transito onde uma grande quantidade de carros querem entrar ao mesmo tempo numa variante para a autopista, explica a Dra. Judith J. Wurtman (espos). Pode-se comparar o triptofano com um Fusca velho que perde a vez para carros maiores e mais velozes. Mas quando todos os outros veículos forem embora, ele tem livre acesso.
Parece que os aminoácidos concorrentes podem ser tirados do caminho através da ingestão de carboidratos. Estes aumentam a liberação da insulina no organismo e a insulina limpa o sangue dos outros aminoácidos. Logo que os outros aminoácidos entram nas células musculares, mais triptofano pode entrar no cérebro. (Por isso seria má idéia tomar um copo de leite para alguém que deseja dormir). O leite tem muita proteína -  mais ou menos 8,5g por copo - em comparação com mais ou menos 12g de carboidrato por copo. Provavelmente uma pequena quantidade de carboidrato pode dar sono desde que não se coma proteína junto. Então algumas bolachas ou crackers num estomago vazio daria bom resultado, segundo o Dr. Wurtman. À noite, quando o sangue ainda tem bastante aminoácidos, resultado da proteína ingerida anteriormente, haverá a necessidade de ingerir mais carboidratos para fazer o mesmo efeito. De acordo com a Dra. Judith, a maioria das pessoas reage bem a mais ou menos 40g de carboidratos, isso corresponde a uma fatia de pão com geleia ou uma banana grande.
Portanto, se você tem dificuldade de cair no sono e quiser assaltar a geladeira, escolha algo rico em amido. Se quiser ficar acordado coma queijo.

Outra razão para comer mais carboidratos do que proteína é que se consegue aliviar dores. Os pesquisadores tentaram dar às pessoas triptofano puro. Na MIT o psicologo Harris Lieberman fez uma pesquisa com oito voluntários do sexo masculino, fazendo-os utilizar um "dolorímetro", um aparelho que concentra o calor de uma lâmpada de 100watts num lugar do tamanho de uma moeda de 10 centavos. Os voluntários focalizaram seu antebraço por períodos de até 3 segundos e aferiram a dor após cada tentativa numa série de 144 com diferentes intensidades. O Dr.Lieberman constatou que uma única dose de triptofano conseguiu diminuir significativamente a sensibilidade de homens à dor.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Temple na Filadélfia, fez experimentos com 30 pacientes que sofriam de sofriam de dor cronica nas mandíbulas. Todos eles foram colocados numa dieta com bastante carboidratos e poucas proteínas e gorduras e um dos grupos com triptofano e outro não (placebo). Os pacientes na dieta mais o triptofano indicaram uma sensível melhora com diminuição da dor. Mesmo os pacientes que se mantiveram na dieta rica em carboidratos, sem o triptofano, manifestaram alguma melhora.
Talvez num futuro próximo seja possível diminuir a dor psíquica de uma depressão grave com o uso de tirosina, outro aminoácido. Os primeiros experimentos com tabletes de tirosina pura foram positivos, diz o Dr. Alan J. Gelenberg, diretor da clinica para Estudos Especiais do Hospital Geral de Massachusetts, Boston. O Dr. Gelenberg escolheu a tirosina para sua pesquisa por que os neurônios cerebrais transformam esse aminoácido em norepinefrina, um neurotransmissor que, em alguns pacientes fortemente deprimidos, parece estar pouco ativo. No caso de uma jovem senhora que frequentemente chorava e mostrava pouco interesse pelo mundo exterior, houve uma melhora significativa após 2 semanas de tirosina. Quando os tabletes foram substituídos por placebo, os sintomas da depressão voltaram. Novamente deram tirosina e ela melhorou.
Se a tirosina mostra ser eficaz para um grande numero de pacientes com depressão, ela seria mais segura que os tratamentos convencionais, pois muitos dos remédios utilizados apresentam muitos efeitos colaterais indesejáveis.
Ainda não existe a possibilidade de se  fazer uma dieta rica em tirosina em casa, avisa do Dr. Gelenberg. As proteínas em que a tirosina aparece possuem também outros aminoácidos que competem com a tirosina pela passagem da barreira sangue/cérebro. Também não existem alimentos que poderiam abrir caminho para a tirosina, como ocorre com os carboidratos que o fazem para o triptofano. Por isso, a tirosina deve ser utilizada em sua forma pura, em tabletes ou como parte de um alimento livre de carboidrato. Já existem um fabricante de chocolates que provê o Dr. Gelenberg com chocolates com tirosina, para a pesquisa.

Traduzido de um texto em inglês de Maya Pines.

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