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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

NÃO SÓ GARRAFAS CHEGAM ÀS COSTAS DO BRASIL

Recife — O imaginário coletivo está cheio de histórias de cartas que chegam à beira da praia dentro de garrafas atiradas ao mar. As mensagens trariam pedidos de ajuda, mapas do tesouro e recados de amor. Lenda ou não, se o costume nascesse hoje, esse “correio marítimo” poderia vir em caixas de leite, latas de extrato de tomate e feijão, embalagens de produtos de limpeza e de talco. São esses os itens que “desembarcam” com frequência na costa brasileira segundo monitoramento da ONG Global Garbage (Lixo Global). Tudo importado. Em quatro anos e cerca de 20 caminhadas pela costa, 6.576 embalagens de 75 países foram encontradas só no litoral da Bahia. Achados que revelam o lixo marinho como uma séria ameaça à vida nos oceanos.
Segundo o fundador da instituição, Fabiano Barretto, a maior parte de itens “estranhos” é jogada no oceano pela tripulação de cargueiros, cruzeiros e outras embarcações, seguindo pela correnteza até a costa brasileira. Outra parte, que aporta em maior volume, vem pelo descarte direto em rios e canais. Nesse caso, os produtos mais comuns são garrafas e embalagens plásticas. “Os itens entram na correnteza e se aproximam da costa. A Bahia tem um trecho que recebe muitas correntezas. Por isso, iniciamos o projeto por lá. Mas a intenção ainda é cobrir toda a costa (do país)”, diz.
 
Ele ressalta que a “nacionalidade” dos produtos não representa necessariamente os países nem os habitantes responsáveis pela sujeira. “Os produtos foram fabricados nesses locais, mas podem ter sido jogados na praia ou no mar por pessoas de outras origens”, destaca Barreto, que deu início ao projeto a partir de uma caminhada por um trecho deserto da Costa dos Coqueiros (BA). No passeio, ele ficou curioso sobre a quantidade de lixo espalhado na praia e, em 2001, realizou o primeiro levantamento durante cinco dias na Praia do Forte, coletando 94 embalagens de 26 países. 

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