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quinta-feira, 9 de junho de 2011

COMO ENVELHECER SEM FICAR VELHO

E, ao contrário de muitos que chegam a idade de 94 anos, o médico ginecologista e obstetra Moysés Paciornik tinha muita disposição para viver, saúde que fez inveja aos mais novos e muita, mas muita vontade de trabalhar. Isso mesmo, no final de sua vida, ele continuava batendo o cartão na Rua José Loureiro, no mesmo consultório onde começou a atender as pacientes.
Deixou de fazer partos e cirurgias aos 90 anos, mas ainda se dedicava à clínica. No currículo, ajudou mais de 60 mil crianças a nascer. Ficou famoso em Curitiba e no mundo inteiro porque aprendeu a envelhecer sem ficar velho. Com esse tema publicou, em 2000, um livro que tratava do envelhecimento e da geriatria. Era membro da Academia Paranaense de Letras e da Academia Brasileira de Médicos Escritores.
Em entrevista à Gazeta do Povo (em 10/10/2007), Paciornik contou alguns dos segredos para quem quer chegar aos 100 anos de idade. Segundo ele, deve-se evitar os três pós brancos (açúcar, farinha e sal) e praticar exercícios regularmente. Com a palavra, o Dr. Cócoras. Quem desconhece o motivo desse apelido simpático, já vai entender o porquê.
Qual é a mensagem que o senhor pode passar às pessoas que desejam envelhecer com saúde?
Elas precisam aprender a comer corretamente e fazer exercícios. Na atualidade, esses dois assuntos são modernos e todo mundo sabe. Devemos evitar os três pós brancos: o açúcar, a farinha e o sal. Isso já vem sendo difundido há 40 anos. A questão é que muitas revistas falam hoje de como comer certo com conselhos mais ou menos complicados. Eu sou prático. Evite os pós brancos e a gordura animal. Mas vamos nos alimentar do quê? O que Deus colocou no mundo precisa ser comido, que é o que o índio da mata come. Na mata, ele não tem os pós brancos. Come verduras, frutas, carne magra resultado da caça, tudo à vontade.
E o senhor leva essa dieta a sério? Consegue evitar alimentos que fazem mal à saúde?
Gosto de chocolate, mas evito. De um modo geral, qualquer doce é gostoso, contudo tem de ser evitado. De vez em quando dá para comer uma sobremesa. Porém, eu procuro não comer qualquer tipo de bolo, pão, bolacha e macarrão - tudo o que tem açúcar e farinha. O sal deve ser usado moderadamente. Pela manhã, como duas qualidades de frutas e café com leite magro sem açúcar. No almoço e jantar é salada, carne magra (suína em geral não como, porque não gosto). Também incluo no cardápio arroz branco e feijão. Qualquer qualidade de peixe está liberada.
Com essas dicas, é certo concluir que somente as pessoas magras vão viver mais?
As magras estão menos sujeitas a uma série de doenças. Se não comem gordura animal, evitam o colesterol e os triglicerídios. Se retiram da alimentação o açúcar e a farinha, previnem a diabete. Sem o sal, a pessoa não vai estar propensa a ter hipertensão arterial.
Em relação aos exercícios físicos, ir à academia ou caminhar todos os dias é suficiente?
Ambos são uma boa alternativa para envelhecer, porque protegem o organismo. Mas aconselho subir e descer escadas. Isso porque é um exercício econômico, eficiente e não custa nada. Até os meus 90 anos subia e descia as escadas dos 19 andares do meu prédio duas vezes ao dia. Hoje só desço. Trabalho o corpo todo nessa atividade física, porque também pratico o "up and down" (em português, levantar e baixar), ou seja, fico de cócoras e depois levanto, esticando todo o meu corpo. Faço isso duas vezes em cada pavimento. O "up and down" é barato, não custa nada e pode ser feito em qualquer lugar. Não requer aparelhos e os resultados aparecem dentro de poucos dias. Uma vez fui aos Estados Unidos visitar o Empire State Building e subi, sem parar, os 120 pavimentos do edifício. Mas naquela época eu era mocinho, tinha 78 anos.
Quais os benefícios de ficar de cócoras ou fazer o "up and down" algumas vezes ao dia?
Na década de 70, compreendemos porque as índias caingangues não têm varizes, celulite e a pele do rosto é perfeita. Observamos também o porquê das índias da mata conservarem o canal genital em muito melhor estado do que as mulheres civilizadas. A primeira questão está relacionada ao parto de cócoras. No parto deitado, o canal vaginal se estreita cerca de 28%. Então, esse canal estreito é mais fácil de rasgar e machucar a mulher. Ele é um dos culpados. Porém, fomos ao Paraguai e descobrimos outra questão importante. Por que as índias da mata que moram nesse país fazem o parto deitado e não estão tão estragadas como as nossas? Naquela ocasião descobrimos que isto também deve-se ao fato de as índias não usarem cadeira. Eis a chave de todo o problema.
A cadeira é prejudicial à saúde?
Tem uma lei de medicina que explica que todo órgão em repouso prolongado enfraquece. Sentado na cadeira, o corpo inteiro - da cabeça aos pés - está em repouso. Então tudo fica fraco e as conseqüências são varizes, celulites, dores na coluna, problemas com prisão de ventre. De cada 100 civilizados, 80 têm ou terão dor na coluna.
E o que as pessoas que trabalham o dia todo sentadas devem fazer?
A cada uma ou duas horas é preciso parar para fazer o "up and down". O ideal é que se pratique até cem vezes o ato de levantar e baixar. Já no sofá, na hora de assistir televisão, as pessoas devem ficar em posição de ioga, com as pernas cruzadas como os índios. Isso porque o sangue espremido é bombado para a cabeça e o cérebro recebendo mais sangue funciona melhor. É uma boa dica para quem está estudando e para quem quer evitar a celulite.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo (Curitiba - 10/10/2007)
Moysés Goldstein Paciornik (4 de outubro de 1914 — 26 de dezembro de 2008) foi um médico ginecologista nascido em Curitiba. Formou-se em Medicina em 1938. Em 1959 fundou o Centro Paranaense de Pesquisas Médicas, do qual foi diretor.[1] O centro dedicava-se à prevenção do câncer ginecológico e estendeu os serviços às reservas indígenas no sul do Brasil, época na qual Moysés tornou-se partidário do parto de cócoras, ao observar que as índias da tribo caingangue, mesmo tendo muitos filhos, tinham uma musculatura mais firme do que as mulheres da cidade.[2]
Escreveu vários livros e pertenceu à Academia Paranaense de Letras e à Academia Brasileira de Médicos Escritores e foi o médico precursor do exame papanicolau no Brasil. Na UFPR, fundou a cadeira de Higiene Pré-Natal em 1952. Gostava de usar gravata borboleta e roupas brancas. (RECEBI VIA EMAIL)

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