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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

IGUAPE

(Mapa-1930-Iguape-Canal-do-Valo-Grande-artigo-Sud-Mennucci)
Até meados do século XIX, Iguape sempre havia sido uma espécie de península, com o rio Ribeira de Iguape serpenteando até quase três quilômetros do mar e depois retornando para o interior, só encontrando sua foz muitos quilômetros adiante. O município situava-se entre esse ponto mais próximo do rio Ribeira de Iguape e o Mar Pequeno, tendo assim, dois portos: o Porto do Ribeira, fluvial, e o Porto de Iguape (conhecido por Porto Grande), no Mar Pequeno, grande braço de mar entre o continente e Ilha Comprida que liga Iguape ao Oceano Atlântico. Em 1852 a Câmara de Iguape informou ao Governo provincial a presença de 39 engenhos de arroz espalhados pelos rios da região, cuja capacidade de produção oscilava de 100 a 2.500 sacas de arroz por ano (média de 1.000 sacas).[18] Já em 1861, esse número subiu para 120 de pilar arroz, 22 de moagem e destilação de aguardente e 4 de fabricar café, além de várias olarias. O Porto do Ribeira era utilizado para descarregar as sacas de arroz que vinham da zona rural. No local existia o maior engenho da região, o Engenho Central Casavecchia, inaugurado em 5 de dezembro de 1882, de propriedade do oficial da marinha mercante, Francisco Casavecchia e seu sócio, Carlos Tolomei. Dali eram transportadas as sacas de arroz em lombo de burro ou carroças por aproximadamente três quilômetros até o Porto Grande, onde eram embarcadas para exportação. O inconveniente de se ter de transportar o arroz por terra em um trecho tão curto, aliado à riqueza do município, levou à ideia e se construir um canal que ligasse o rio ao mar, permitindo assim o transporte direto do arroz até as embarcações de grande porte. Após décadas de debates sobre o melhor local para a construção do canal, decidiu-se pelo trecho mais curto, que era também o mais arenoso e, portanto, mais fácil de ser construído. Iguape se tornaria assim uma ilha, envolta pelo rio Ribeira e pelo Mar Pequeno. Essa decisão mais tarde se provaria errada.
O canal foi construído por escravos por mais de duas décadas e começou a ser utilizado em 1852. Inicialmente um canal estreito, com cerca de 4 metros de largura, onde em alguns trechos era possível saltar, o canal rapidamente começou a alargar, não resistindo à imensa corrente de água do rio Ribeira. O que era uma vala logo se transformou em um largo canal, engolindo tudo às suas margens. A certa altura se acreditou que a cidade inteira seria destruída por o que passou a se chamar Valo Grande. Felizmente, por volta de 1900, com a contenção das margens com pedras e a posterior construção de uma barragem onde antes era o Porto do Ribeira, permitiram o controle do fluxo de água no canal, de acordo com os estudos feitos pelos engenheiros, Sergio Sabóia, Martinho de Moraes e João Carlos Greenhalgh, salvando assim a cidade da destruição. O estrago, porém, estava feito. O Mar Pequeno ficou assoreado com a fluxo de água e lama trazido pelo rio, o que acabaria impedindo a entrada de navios grandes no porto. A vida marinha também sofreu muito devido à grande quantidade de água doce despejada pelo rio no Mar Pequeno, no que pode ser considerado um dos maiores desastres ecológicos do século XIX.

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